Por Élder Ximenes Filho* no GGN
A poeta canadense Anne Carson diz “se a prosa é uma casa, a poesia é um homem em chamas” – palavras têm poderes!
“Esta não é uma poesia e eu não sou um poeta” – vibra a língua do rapper inglês Anthony Anaxagorou, desfiando as denúncias das hipocrisias políticas.
Walt Whitman tornou-se ele mesmo a promessa (irrealizada) da Norte-América jovem e solidária: “Eu canto… o corpo elétrico, uma canção de mim mesmo, uma canção de alegrias, uma canção de trabalhos… uma canção do universal”.
“Sim, sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo” – apresenta-se em papel nosso Fernando Pessoa.
Assim, nada melhor do que deixar a obra falar por si própria!
Na INTRODUÇÃO de Daniel Serra Azul:
“O Coletivo nasceu em resposta a uma crise em nossa categoria. Posteriormente, percebemos que era uma necessidade histórica… um grupo de integrantes do Ministério Público Brasileiro resolveu se posicionar publicamente, ressaltando sua preocupação com a preservação da ordem jurídica democrática vigente e, em consequência, do devido processo legal… seguimos denunciando como, muitas vezes, a jurisdição é manipulada para contribuir com projetos excludentes e contrários aos princípios constitucionais e da própria Declaração Universal dos Direitos Humanos… Crítica e Doutrina contextualizadas pela cronologia dos principais eventos contemporâneos ao longo do livro.
Não pretendemos apenas comentar a história contemporânea, mas apresentar uma perspectiva democrática e progressista, especialmente para estudantes ou profissionais com interesse em compreender, com base na realidade concreta e no pensamento crítico, as profundas transformações por que passa o pensamento jurídico e os motivos da inadequação de uma educação jurídica que insiste em processos repetitivos, abstratos, mistificadores.”
No PREFÁCIO de Boaventura de Sousa Santos:
“Trata-se de um conjunto imensamente variado de textos, em geral curtos, que se debruçam, tanto sobre temas da atualidade política, legislativa e judicial, como de temas de reflexão e de análise teórica sobre a questão geral do lugar do direito e dos seus operadores nas sociedades contemporâneas…
Os textos aqui reunidos fazem jus ao ânimo daqueles e daquelas que em boa hora decidiram organizar-se para melhor defender a democracia brasileira e garantir com mais eficácia a dignidade do seu exercício profissional.
A Carta de Princípios que orientam este colectivo é um documento notável que deveria ser lido e estudado por todos os estudantes de direito, especialmente por todos os candidatos a integrar o MP e, em geral, por todos os cidadãos interessados em defender a democracia brasileira… Em minha longa experiência, não conheço outra declaração tão eloquente e ampla como esta…
A oportunidade deste livro não podia ser maior.”
Na APRESENTAÇÃO, de Déborah Duprat:
“Vários e diversos documentos produzidos pelo Coletivo Transforma MP foram reunidos nessa obra e se organizam a partir de duas ideias solidárias entre si: o distanciamento do Ministério Público de seu desenho constitucional e a subversão das principais ideias reguladoras da vida coletiva inscritas na Constituição de 1988…
O Estado projetado pela Constituição de 1988 corresponde à figura do Estado do bem-estar social, Estado provedor de direitos e de implementação de políticas públicas que se orientam pela busca radical da igualdade, com atenção à diversidade da vida coletiva…
A pandemia ainda escancara o tamanho da desigualdade e seu impacto desproporcional…
Ao final, fica-se com a certeza de que se vive no país um estado de exceção, na concepção de Giorgio Agamben… A sua superação depende da compreensão dos fenômenos que o tornaram possível, e disso se encarrega essa obra.
Boa leitura.”
Parafraseando tantas escritas, orgulhoso, anuncio:
– Além de chamas, vidas e ideias – dentro do livro DEMOCRACIA E JUSTIÇA EM PEDAÇOS – você certamente encontrará sonhos poderosos em palavras.
Élder Ximenes Filho é Mestre em Direito Constitucional, Promotor de Justiça e Membro do TRANSFORMA MP.