A ambição é essa “maneira de nos confrontar conosco mesmos, quando não temos mais de nos inserir em um lugar ditado pelos deuses, os mestres ou os pais”
Em seu livro O CULTO DA PERFORMANCE: DA AVENTURA EMPREENDEDORA À DEPRESSÃO NERVOSA, o sociólogo francês Alain Ehrenberg, diretor de pesquisa em Psicotrópicos, Saúde Mental e Sociedade, no Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica, faz uma profunda investigação sobre o que ele considera hoje como o culto da performance, seja no campo do esporte, no consumo ou no espaço empresarial.
É no discurso empresarial que ele constata uma verdadeira “reconversão” da nossa sociedade ao culto da performance, iniciando as suas reflexões analisando a forma como “o empreendedor foi erigido um modelo de vida, resumindo um estilo de vida heroico, que põe no comando a tomada de riscos, numa sociedade que faz da concorrência interindividual uma justa competição.”
Segundo ele, “quando a salvação coletiva, que é a transformação política da sociedade, está em crise, a verborreia de challenges, desafios, performances, de dinamismo e outras atitudes conquistadoras constitui um conjunto de disciplinas de salvação pessoal.”
Por outro lado, “quando não temos mais nada senão a nós mesmos para nos servir de referência, quando somos a questão e a resposta (tal qual o mito prometeico do homem sozinho no barco de seu destino), confrontado com a tarefa de ter de se construir, encontrar para si próprio, e por si mesmo, um lugar e uma identidade sociais torna-se um lugar comum.”[1]
Assim, “a ação de empreender é eleita como o instrumento de um heroísmo generalizado, quando a crença no progresso linear que simbolizava o Estado-providência recua, numa relação com o futuro caracterizado pela incerteza.”
Ora, é inevitável que “diante dessa aventura empreendedora em que se tornou a vida em sociedade, não causa espanto ver a obrigação de ganhar vir acompanhada de uma crise de identidade maior, e uma depressão nervosa apoderar-se de uma boa parte de nossos compatriotas.”
Neste aspecto, importante fazer referência ao filósofo Byung-Chul Han, professor de Filosofia e Estudos Culturais na Universidade de Berlim, que caracteriza a depressão atual como um reflexo da “carência de vínculos”, própria da “violência sistêmica inerente à sociedade de desempenho que produz ´infartos psíquicos`.” Para ele, no entanto, o que passa desapercebido pelo sociólogo francês é o entendimento de que a depressão seria apenas uma resultante da “pressão do desempenho”, razão pela qual doenças como a Síndrome de Burnout “não expressa o si-mesmo esgotado, mas antes a alma consumida.”
Segundo Han, “a depressão é o adoecimento de uma sociedade que sofre sob o excesso de positividade. Reflete aquela humanidade que está em guerra consigo mesma.” Assim, o homem depressivo “explora a si mesmo”, transformando-se em “agressor e vítima ao mesmo tempo.” Ele encontra-se “em guerra consigo mesmo”, tornando-se “o inválido dessa guerra internalizada.”[2]
Voltando ao livro de Alain Ehrenberg, ele pergunta o que seria hoje ser um sujeito bem-sucedido, respondendo, em seguida: “é poder inventar seu próprio modelo, desenhar sua unicidade, ainda que idêntica à de todos os outros, é tornar-se si mesmo, tornando-se alguém.”
Eis, então, a ambição do homem moderno: “tornar-se si mesmo, identificar ser si mesmo e ser o melhor, assimilar um código ´da autenticidade` ou da identidade a um código de visibilidade, fazer entrar na intimidade psíquica o modelo público da performance”, de uma tal maneira que “a identidade depende de uma conquista semelhante a um recorde ou a um mercado.”
Assim, a ambição é essa “maneira de nos confrontar conosco mesmos, quando não temos mais de nos inserir em um lugar ditado pelos deuses, os mestres ou os pais. O radicalismo da subjetividade, que nos força a ser responsáveis por nós mesmos quando somos apenas crianças de nossas próprias obras, é produzido pela perda crescente das referências absolutas.”
E o que seria o novo rico, senão “uma pessoa deslocada, que não está nunca num bom lugar, um personagem cômico do qual as pessoas bem nascidas ridicularizam a pretensão de se inserir num meio mais elevado do que ele?”
Ora, “essa retórica da ascensão social é, simultaneamente, uma liberdade que se abre potencialmente a todos – a cada indivíduo – e uma norma para cada um. Liberdade que é apenas secundariamente feita de reinvindicações coletivas, como, por exemplo, uma representação coletiva sindical, social e eleitoral ou política, mas liberdade de performance individual.”
Então, dá-se o que o autor francês chama de “mitologia da autorrealização de massa, que predomina desde o último decênio, e é semelhante a um sistema de heroização de si mesmo em que se deve fazer o esforço de ser si mesmo seu próprio modelo de conduta”, algo narcísico, convenhamos.[3]
Em suma, trata-se do homem que “não representa a não ser a si mesmo, que não tem raízes e passado, já que age inteiramente com base em si mesmo, e em nome de si mesmo, em vez de ser comandado e representado por outros, pensa-se como mestre.”
E nada mais exemplar dessa inflexão da sensibilidade igualitária do que a “nova imagem do empreendedor, pois ela é o símbolo e o polo de tração da ascensão social. Este empreendedor satisfaz as condições para ser um herói popular porque ele encarna o homem voltado ao futuro, que enxerga no incerto, está engajado na ação arriscada, subverte as hierarquias instituídas, abrindo novos mercados ou lançando novos produtos, trocando a ilegitimidade da hereditariedade pela legitimidade da meritocracia.”
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(Muito a propósito, e sobre a meritocracia, lembro Jessé de Souza, para quem “a classe média tende a imitar a elite endinheirada na sua autopercepção de classe como sensível e de bom gosto, mostrando que essa forma é essencial para toda separação das classes do privilégio em relação às classes populares. Mas a classe média adiciona a noção de meritocracia, de merecimento de sua posição privilegiada pelo estudo e pelo trabalho duro, mérito percebido como construção individual. Ainda que a meritocracia, como a noção de sensibilidade também, seja transclassista, a classe média é seu habitat natural.”[4])
Pergunta Ehrenberg, por exemplo, o que é um curriculum vitae, senão “um pequeno museu biográfico do que fizemos (do que somos?), uma ´passadização` inteiramente escrita por um outro, na qual o futuro permanece em branco, e uma prova a partir da qual podemos ser julgados?”
Surge, então, e inevitavelmente, o fenômeno da concorrência, “uma das formas sociais que assume a resposta a esse problema, quando o outro só funciona como ponto de comparação e de diferenciação, no qual ele é apenas o padrão de medida e, como tende a ser pensada como uma competição, ela torna aceitável a ideia de que ela produz justas desigualdades.”
Neste esquema, “o outro figura como padrão de medida, polo de uma relação de concorrência, de confronto ou de competição, reduzido a um mesmo, com relação ao qual nos medimos e nos diferenciamos sem outro critério de hierarquização, exceto essa relação concorrencial, à semelhança da competição esportiva.”
A velha estratégia familiar de outrora tornou-se “insatisfatória e recuou diante da norma de ter sucesso rápido e jovem, porque a secularização da existência comprimiu nossa experiência do tempo”, de uma tal maneira que “a igualdade hoje só tem sentido no tempo curto de uma vida humana.”
Então, o resultado dessa pressão psíquica inédita é o “consumo maciço de medicamentos psicotrópicos, como forma de atingir uma pacificação aparente da sociedade.”
Este caráter massivo do consumo de psicotrópicos “alcança populações estatisticamente sem comparação com aquelas envolvidas com usos de estupefacientes e alucinógenos, rompendo com o imaginário do desvio e da insegurança que organiza a percepção social das outras drogas.” Se estas – as drogas ditas tradicionais ou ilícitas – permitem que o homem fuja “para a irrealidade, os psicotrópicos estão aí para nos fazer enfrentar a realidade.”
Assim, de agora em diante, “o romantismo da droga não é o da fuga da realidade, mas sobretudo, o dos meios para se colocar em pé de igualdade com o outro na concorrência”, pouco importando quais sejam os efeitos psicotrópicos desejados (sedativo, estimulante ou euforizante). O discurso será o mesmo e sempre associado à concorrência: eles são, daqui em diante, muito mais um meio artificial para afrontá-la quando o ´natural` fracassa, do que um instrumento terapêutico.”
Então, afirma Ehrenberg que a “inflexão do discurso sobre os medicamentos psicotrópicos substitui o ópio do povo pela sociedade dopada.”
Aqui, evidentemente, ele está fazendo referência à celebre frase de Marx de que a religião é o ópio do povo; escreveu Marx: “a religião é a autoconsciência e o sentimento de si do homem que, ou não se encontrou ainda, ou voltou a se perder. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o ânimo de um mundo sem coração e a alma de situações sem alma. A religião é o ópio do povo.”[5] (grifei).
Hoje, em relação a estes medicamentos, “ninguém mais os toma para se inebriar ou por prazer, mas para aliviar a carga da responsabilidade, quando ela se torna muito pesada, sendo um meio de reforçar as capacidades corporais e psicológicas, a fim de melhor enfrentar a competição.”
Estas drogas (digamos, não tradicionais) “exprimem a busca alucinada pelo controle quando a relação com o outro é cada vez mais considerada sob o ângulo da concorrência, permitindo que o homem estimule-se ou acalme-se para ser competitivo, mantendo-se totalmente socializado.”
Elas, enfim, transformaram-se em verdadeiras “técnicas de adaptação a um modo de vida no qual o bem-estar é um estado híbrido que pertence tanto à saúde quanto ao conforto”, transformando a empresa moderna em uma “antecâmara do psicoterapeuta ou do clínico geral.”
Não por outro motivo, Dardot e Laval notaram que “muitos psicanalistas dizem receber no consultório pacientes que sofrem de sintomas que revelam uma nova era do sujeito. Esse novo estado subjetivo é frequentemente referido na literatura clínica a amplas categorias, como a ´era da ciência` ou o ´discurso capitalista`.”[6]
Referindo-se agora especificamente ao caso francês e, ainda mais particularmente, ao “lepenismo” – movimento associado a Jean-Marie Le Pen, o político francês de extrema-direita e fundador do partido Frente Nacional –, Ehrenberg observa que a Frente Nacional “tranquiliza os indivíduos no espaço político-social como os medicamentos psicotrópicos o fazem no espaço psíquico.”
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Neste ponto, é possível perfeitamente uma comparação com o caso brasileiro, afinal o chamado “bolsonarismo” não deixa de ser, tal como o “lepenismo” uma “expressão do mal-viver em democracia, alimentando-se do mercado da desgraça, uma forma comunitária que permite a cada um ser um indivíduo, mas sob a forma do ressentimento.”[7]
Assim, sem dúvidas que o consumo em massa de medicamentos psicotrópicos está estreitamente ligado a uma “obsessão de ganhar, de vencer, de ser alguém, que caracteriza uma nova cultura da conquista, uma cultura da ansiedade.”
Então, Ehrenberg faz uma metáfora com o esporte-aventura que não deixa de ser, “simultaneamente, uma relação com a sobrevivência e com a igualdade, que tem, sem dúvida, o maior impacto sobre a imaginação contemporânea, fornecendo uma resposta heroica à incerteza, uma passagem para a lógica do desafio em que se deve produzir sua própria liberdade.”
Talvez isso também explique o uso cada vez mais frequente das dopagens esportivas. Neste aspecto, Roxin observa que “um número cada vez maior de autores alemães tem proposto que o doping, no interior do esporte de alto rendimento com natureza comercial, deve ser castigado penalmente a partir do ponto de vista da concorrência desleal.”
O jurista alemão ressalva, por óbvio, “o doping em esporte praticado por lazer ou por hobby, para eventos esportivos fora de competições”, considerando “a impunidade em casos dessa ordem indiscutivelmente correta”, afinal, conforme ele assinala corretamente, “aquele que possui a ambição pessoal de escalar uma alta montanha e para tanto se dopa deveria permanecer impune (assim como o médico que tenha receitado a substância dopante). Nesses casos falta uma lesão palpável e uma eventual autolesão é assunto privado, permanecendo também impune o doping em competições que não sirvam a nenhum interesse patrimonial, mas tão somente ao lazer.”[8]
Para concluir, Ehrenberg constata que vivemos em uma sociedade que é, cada vez mais, “uma sociedade de indivíduos, que impede cada um construir sua própria liberdade, a conquistar sua identidade, a desenhar seu próprio caminho na vida até se perder nele, até se extraviar nos seus estranhos caminhos familiares que não levam à parte alguma…”
Post escriptum: o dia de hoje (09) marca os 75 anos da detonação da bomba nuclear lançada durante a Segunda Guerra Mundial, que matou cerca de 74 mil pessoas, em Nagasaki, três dias depois de uma primeira bomba nuclear também ter sido lançada sobre a cidade de Hiroshima (em 06 de agosto de 1945), matando 140 mil pessoas. Na verdade, não há números definitivos de quantas pessoas morreram por causa dos bombardeios, seja pela explosão imediata ou nos meses seguintes, devido a ferimentos e efeitos da radiação. Com o tempo, algumas pessoas da região desenvolveram cataratas e tumores malignos. Nos cinco anos após os ataques, houve um aumento drástico nos casos de leucemia em Hiroshima e Nagasaki. Dez anos depois dos bombardeios, a taxa de incidência de câncer de tireoide, de mama e de pulmão entre sobreviventes era mais alta que a do resto da população. Considera-se que estes dois eventos foram a causa do final do conflito mundial, pois teriam forçado a rendição dos japoneses. Este fato é discutível, pois a rendição dos japoneses certamente ocorreria independentemente do sacrifício de inúmeras perdas humanas provocadas por elas. Segundo o historiador Michael Gordin, especializado em ciências físicas da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, e coautor do livro A Era de Hiroshima, “assim que se soube que a bomba nuclear funcionava, era esperado que fossem usá-la. A discussão entre os militares não era sobre se a bomba seria usada, mas sobre como seria usada. E a forma mais eficiente de usá-la era aquela que levasse o Japão a se render.”[9]
Post escriptum 2 (antes tarde do que nunca): imagens gravadas por clientes do shopping Ilha Plaza, na Ilha do Governador, zona norte do Rio, mostram Matheus Fernandes, um jovem negro de 18 anos, sendo agredido e ameaçado por dois homens brancos, não identificados, após o rapaz comprar um relógio de presente para o pai dele numa loja do estabelecimento. No vídeo, gravado na noite de quinta-feira (6), é possível ver Matheus no chão de uma escadaria do shopping, imobilizado e encurralado por um homem de máscara e camisa vermelha e outro vestindo camisa preta. Segundo o jovem, ambos o acusaram de ter roubado o relógio assim que ele deixou a loja e até apontaram uma arma para seu rosto. Mais um triste episódio para demonstrar a tragédia, a violência e a crueldade do racismo.
Post escriptum 3 (ainda em tempo): Morreu ontem (08), Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia, no Mato Grosso. Um dos expoentes da Teologia da Libertação, foi um dos mais importantes defensores dos direitos humanos do país, um dos principais defensores dos povos indígenas, ribeirinhos, camponeses e trabalhadores rurais da Amazônia desde a ditadura militar, além de ter sido responsável por algumas das primeiras denúncias por trabalho escravo que ganharam o mundo no início da década de 1970. Cumpriu bem, muitíssimo bem, a sua trajetória aqui na terra. Muito obrigado!
Rômulo de Andrade Moreira – Procurador de Justiça no Ministério Público do Estado da Bahia e Professor de Direito Processual Penal na Faculdade de Direito da Universidade Salvador – UNIFACS
[1] Evidentemente que se trata de uma referência a Prometeu que, “desejando enganar a Zeus em benefício dos mortais, dividiu um boi enorme em duas porções: a primeira continha as carnes e as entranhas, cobertas pelo couro do animal; a segunda, apenas os ossos, cobertos com a gordura branca do mesmo. Zeus escolheria uma delas e a outra seria ofertada aos homens. O deus escolheu a segunda e, vendo-se enganado, ´a cólera encheu sua alma, enquanto o ódio lhe subia o coração`. O terrível castigo de Zeus não se fez esperar: privou o homem do fogo, quer dizer, simbolicamente da inteligência, tornando a humanidade anóetos, isto é, imbecilizou-a.” Como castigo, Prometeu “foi acorrentado com grilhões inextricáveis no meio de uma coluna. Uma águia enviada por Zeus lhe devorava durante o dia o fígado, que voltava a crescer à noite. O fígado era considerado em quase todas as culturas como sede da vida e como órgão especial para indicar a vontade dos deuses. (BRANDÃO, Junito de Souza. Mitologia Grega, Volume I. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 167).
[2] HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço. Petrópolis: Vozes, 2005, p. 27.
[3] Segundo Freud, “o termo ´narcisismo` vem da descrição clínica e foi escolhido por P. Näcke, em 1899, para designar a conduta em que o indivíduo trata o próprio corpo como se este fosse o de um objeto sexual, isto é, olha-o, toca nele e o acaricia com prazer sexual, até atingir plena satisfação mediante esses atos.” (FREUD, Sigmund. Obras Completas, Volume 12. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 14).
[4] SOUZA, Jessé de. A elite do atraso – Da escravidão à Lava Jato. Rio de Janeiro: Leya, 2017, p. 148.
[5] MARX, Karl. Crítica da Filosofia do Direito de Hegel. São Paulo: Boitempo, 2015, p. 145.
[6] DARDOT, Pierre e LAVAL, Christian. A Nova Razão do Mundo – Ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016, pp. 34-321.
[7] Veja, por exemplo, que quando o Brasil já chegava próximo dos 100 mil mortos pela covid-19, em uma live, o presidente da República, ao lado do ministro interino da Saúde, defendeu o general Pazuello que, segundo ele, “vem dando certo até o momento, apesar de muitos criticarem por ser militar”. Aos risos, o presidente exibiu camisas de futebol, falou da “corridinha de gordinho” que costuma praticar, fez brincadeiras sobre a possibilidade de o ministro da Infraestrutura asfaltar o mar e constrangeu o próprio Pazuello, perguntando se ele é casado. Ao final, disse: “A gente lamenta todas as mortes, mas vamos tocar a vida e achar uma maneira de se safar.” Certamente, conforme notado pelo jornalista Chico Alves, “nesse momento tragicamente histórico, o vídeo do presidente é uma peça para a posteridade. Pode servir aos historiadores do futuro para que tenham ideia do nível de alheamento do político mais poderoso da nação (e dos que o cercam) em relação à pior pandemia da história da humanidade. Na balbúrdia que se transformou a luta contra a pandemia no país, 100 mil vítimas não é um número terrível o bastante para fazer o governo acordar. Com esse cenário, ainda deverá aumentar muito a quantidade de brasileiros que, infectados pelo coronavírus, infelizmente não conseguirão ´se safar`.” Disponível em: https://noticias.uol.com.br/colunas/chico-alves/2020/08/07/com-100-mil-mortos-na-pandemia-live-de-bolsonaro-e-peca-para-a-posteridade.htm. Acesso em 08 de agosto de 2020.
[8] ROXIN, Claus, GRECO, Luís e LEITE, Alaor. Doping e Direito Penal. São Paulo: Atlas, 2011, p. 44-46.
[9] As armas nucleares já faziam parte do arsenal à disposição dos americanos para decidir o conflito a seu favor. Em 16 de julho de 1945, os EUA testaram com sucesso a bomba Trinity, a primeira arma nuclear a ser detonada no mundo. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/resources/idt-a05a8804-1912-4654-ae8a-27a56f1c2b8a.