Por Élder Ximenes, na Carta Capital.
Provavelmente está olhando para uma tela de celular. Ou seja, usando um aparato meio mágico: mistura de areia (vidro) e dinossauros podres (plástico foi petróleo) – que nos transporta ao além-mundo. Antes, estranharam; agora, entranhou-se. Da concreção ao etéreo quase sem querer. Entre um e outro, nem sentimos como ele nos observa tanto mais: nos escuta, mede, registra, mapeia e classifica. Não digo espiona, pois nós o autorizamos cada vez que marcamos o quadradinho ao final dos contratos de serviço. Leu algum antes de instalar? Pois é: aos poucos, foi-se a alma nas entrelinhas vendida (o sangue da assinatura era coisa de alemão preto-e-branco). Um aleph de Borges em cada mão. Um espelho made in China que acariciamos até cada qual virar Alice. Fiquemos nisto, portanto: você, para ler, aceitou ser lido.