Por Haroldo Caetano, no facebook do autor.
O Brasil sobreviveu a 500 anos de corrupção, mas não suportou sequer quatro anos de guerra contra a corrupção.
Justo no momento histórico em que se criaram instrumentos de efetivo combate a esse grave problema, o país novamente sucumbiu ao discurso populista de combate à corrupção a qualquer custo, abrindo mão de princípios constitucionais, do devido processo legal e até de sua democracia frágil e meramente formal, que agora dá lugar ao fascismo explícito.
Instrumentalizada para atender a interesses políticos, a guerra contra a corrupção tornou-se apenas mais uma forma sutil de corrupção, corrompendo não só a Constituição e a democracia, mas também a subjetividade dos brasileiros, que já não conseguem nem mesmo compreender o que acontece no seu próprio país.
Avassaladora, a guerra contra a corrupção não aliviou sequer para os que a fomentaram desde o primeiro momento, atropelados que foram pelo monstro que alimentaram.
Longe de vencida, a corrupção segue, pois, firme, forte e ainda mais vigorosa agora que será blindada sob a invisibilidade no caminho autoritário escolhido pela maioria dos brasileiros.
Haroldo Caetano é Mestre em Ciências Penais (UFG), doutorando em Psicologia (UFF), promotor de Justiça do Estado de Goiás, membro do Coletivo Transforma MP.