O tema “Democracia, Constituição e Participação Popular – perspectivas e cenários no contexto brasileiro de 2019”, foi o escolhido pelo Transforma MP para mais uma edição dos “Diálogos Transformadores”, que aconteceu na última sexta-feira, em Belo Horizonte. A atividade integra a parte da programação da Reunião Nacional anual do Coletivo dedicada à troca de ideias com representações de fora do Ministério Público.
Este ano, os convidados foram o professor de Ciência Política da UFMG Juarez Guimarães, a cientista social e deputada federal eleita pelo Psol Áurea Carolina e o professor de Direito da UFMG José Luiz Magalhães.
Antes do debate, arte
O evento, realizado na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, começou com uma intervenção artística que surpreendeu o público presente. O Movimento Artistas Independentes apresentou a performance teatral “Memória”, que mostra, em um ambiente de tortura montado à frente dos espectadores, cenas fortes, com pau de arara, afogamento e outras imagens que nos remetem a um passado recente do País. Aplausos para a arte e para os atores e atrizes em cena, críticos e provocadores.
Depois do teatro, foi a vez da poesia de Conceição Evaristo. Convidada para o evento, a escritora mineira não pôde comparecer, mas foi homenageada com a leitura de seu poema “De mãe”, na voz da professora da Faculdade de Letras da UFMG, e pesquisadora de sua obra, Rosália Diogo. Aplausos para a arte, aplausos para a poesia de Conceição Evaristo.
DEBATE
Democracia x neoliberalismo
O primeiro a falar entre os que compuseram a Mesa dos “Diálogos Transformadores” foi o professor do Departamento de Ciência Política da UFMG, Juarez Guimarães, que traçou paralelo entre o avanço do neoliberalismo no mundo e uma consequente desorganização da cultura e das instituições, frisando que o surgimento de práticas protofascistas está relacionado a esse duplo movimento desagregador, que desertifica as discussões e abala os valores democráticos.
Outro afetos
Já o professor de Direito José Luiz Magalhães destacou, em sua exposição, que o caminho para o combate a práticas intolerantes passa pela construção de uma mobilização social por outras formas de afeto, ressaltando a potência modificadora das manifestações artísticas e a insuficiência da linguagem em dar conta de toda a experiência humana.
Diálogo entre instituições
A cientista social, e deputada federal eleita, Áurea Carolina encerrou as apresentações da noite defendendo o trabalho conjunto entre as instituições democráticas, e a inclusão dos cidadãos no centro das decisões, como forma de fortalecimento da luta contra a desigualdade social e a falta de representatividade de minorias historicamente excluídas. Segundo ela, a construção de experiências de compartilhamento da gestão, por exemplo, dá à população a chance de decidir, ou pelo menos ter maior influência, sobre as políticas públicas que serão aplicadas em uma comunidade, transformando as esferas de poder em espaços de resistência contra um sistema administrado por, e para, aquele 1% mais rico da população.