Coletivo promove debates virtuais para discutir o mês da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha
Por Marina Azambuja
No dia 25 de julho, dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, são memoradas as lutas de mulheres negras que protagonizaram nossa história, como Tereza de Benguela, líder quilombola símbolo da resistência contra a escravização, mas são invisibilizadas na sociedade. Até os dias atuais mulheres negras, indígenas, quilombolas, enfrentam lutas em todos os espaços, com o duplo preconceito de gênero e de raça ou etnia, sendo vítimas do racismo, do machismo, do sexismo, da misoginia e da intolerância religiosa.
De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde e pelo Atlas da Violência de 2019, o Brasil possui em média 13 homicídios por dia, é o maior número registrado em dez anos. Estima-se que 66% das vítimas são negras e sofrem violência dentro de casa¹.
Dia 25 de Julho
Por não se sentirem representadas na sociedade, nas instituições, na mídia, nos espaços em geral e nem nos movimentos feministas tradicionais, mulheres negras e indígenas da América Latina e Caribe se reuniram em julho de 1992 na capital da República Dominicana, Santo Domingos, para discutirem estratégias de combate ao racismo, ao machismo e todas as formas de violência. Nesse encontro, criou-se uma rede de mulheres na América Latina e Caribe, que se mantém articulada, e foi criado o 25 de julho, para marcar essa luta, data esta reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Desde então milhares de mulheres negras, indígenas, se reúnem não para comemorar, mas para lutar contra a discriminação e a violência em todas as suas formas.
Brasil
Em 2014, a Lei nº 12.987/2014 também tornou o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza de Benguela foi uma líder quilombola no século 18, do Vale do Guaporé, em Mato Grosso. Com a morte de seu companheiro, ela assumiu a luta da comunidade negra e indígena contra os opressores portugueses até a destruição do quilombo. Há controvérsias se Tereza morreu na guerra ou se terminou prisioneira, mas seu exemplo de resistência permanece no presente.
No Brasil ocorrem marchas e atos para a conscientização da população em relação a temática e também restou consagrado o “Julho das Pretas”, em que são realizadas ações que visam a dar visibilidade, protagonismo e colocar na pauta as questões que afetam as mulheres negras na sociedade brasileira, vítimas das maiores desigualdades no trabalho e nos diferentes espaços sociais e institucionais.
Debates
Para dar visibilidade e fortalecer as discussões afetas à discriminação e desigualdades contra mulheres negras, neste mês de julho, o Coletivo Transforma MP apoia e fortalece o “Julho das Pretas”, promovendo debates sobre questões como saúde, educação, violência, representatividade negra feminina, com mulheres negras convidadas e integrantes dos diferentes ramos do MP de todo o Brasil. Acompanhem as lives toda 2ª feira e no dia 24/07 às 18 horas no perfil do Coletivo no Instagram (@transforma_mp). Segue a programação:
06.07 – Saúde da Mulher Negra: uma experiência de vida e trabalho
Kelly Amaral (Assistente Social e integrante do Coletivo Formação é Política) e Lívia Vaz (Promotora de Justiça e integrante do Coletivo Transforma MP)
13.07 – Julho das Pretas: representatividade ontem e hoje
Vera Lúcia Santana (Advogada e integrante da ABJD) e Cecília Cunha Santos (Procuradora do Trabalho e integrante do Coletivo Transforma MP)
20.07 – Racismo e Imaginário Social
Maria Jesus Moura (Psicóloga e integrante da ANPSINEP) e Maria Bernadete Figueroa (Procuradora de Justiça aposentada e integrante do Coletivo Transforma MP)
24.07 – Almara Mendes (Coletivo Transforma MP) convida Fabiana Cozza
27.07 – A Lei 10.639 além do Dia da Consciência Negra
Sylvia Siqueira (Diretora da Mirim Brasil e Conselheira de Direitos Humanos) e Elayne Christina Silva Rodrigues (Promotora de Justiça e integrante do Coletivo Transforma MP)
Assistam também as lives de junho com temática racial no Canal do Youtube:
22.06 – O que a violência policial revela sobre o racismo?
Cecília Oliveira (Jornalista, Intercept Brasil) e Irene Cardoso (Promotora de Justiça e integrante do Coletivo Transforma MP)
29.06 – A luta antirracista por um outro mundo possível
Prof. Kabengele Munanga (Antropólogo/USP), Karen Luísa (Juíza de Direito/AJD) e Elisiane Santos (Procuradora do Trabalho, Coletivo Transforma MP)
Fontes:
1- BBC
https://docs.google.com/document/d/1jAG2RtW8VXq7DbGEnawLSWQqTu4M237ctJOzAQtDFoA/edit
Geledés