A Falta de Humanidade nos Juristas – Roberto Tardelli

Publicado no Justificando, em 23 de janeiro.

O Transforma MP compartilha vídeo produzido e publicado pelo Justificando, com fala do associado do Coletivo Roberto Tardelli, procurador aposentado do MPSP.

Para além dos códigos, togas e ternos, temos que discutir humanidade de quem compõe carreiras jurídicas e ninguém melhor para falar sobre isso do que Roberto Tardelli, Advogado e Colunista do Justificando.


Tardelli comenta a falta de humanidade nos juristas, lamentando que, “desgraçadamente”, o bom promotor, hoje, não é mais aquele que quando entra na sala de audiência todos respiram aliviados, por tratar-se de uma pessoa equilibrada. Mas sim aquele que todos tremem de medo ao vê-lo.

“Ele está muito mais para um cão de guarda do que propriamente para alguém que está ali para garantir o Estado de direito.”

Segundo Tardelli, isso é resultado do processo de constituição da sociedade brasileira, marcado pelo uso das instituições nacionais para a manutenção de um status quo de dominação.

“Demorei a perceber que defender a sociedade naquilo que ela tem de fundamental, num idealismo ideológico, passa a ser uma farsa quando você percebe que, na verdade, as instituições são feitas para garantir aquele status quo de dominação. É essa dominação que interessa.”

É neste cenário, explica Tardelli, que inimigos nacionais são forjados, construídos, como males a serem extirpados em nome do bem comum, da ordem. Antes, a subversão, hoje, a impunidade, o crime organizado, a violência.

“E este promotor começa a criar um modelo teórico de mundo em que começa a ter que inventar os inimigos. E isso toma um corpo, uma matéria, e esse inimigo torna-se, efetivamente, uma grande questão nacional.”

 

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